quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nunca é demais

A gama de personagens que podem ser identificadas no mundo é bastante vasta. Há aqueles dotados de moral idônea e ilibada, enquanto existem os hipócritas e os "vendíveis". Vemos os devassos, os puritanos, os acidentes de gaveta, os belos por fora, os "beleza interior", os "beleza total flex", os reis e rainhas da cocada preta. Os ateus, os fanáticos religiosos, os agnósticos, os budistas, os cristãos, os deístas. Observamos os que mentem por mentir, os que mentem para o bem, os que mentem para o mal e os que apenas omitem. Ainda encontramos os exemplos a serem seguidos, os exemplos de como não ser. Os que sabem exatamente o que querem da vida, os indecisos, os que sabem realmente o que não querem da vida e ainda aqueles os quais estão por decidir. Os solteiros, casados, divorciados, enrolados, sem amores, amores demais, solitários, amantes, amados. Os bons, os ruins, os tímidos, os tagarelas. Ou se é uma coisa dessas ou se combina um monte e vira você. No meio de tantos rostos e gostos estou eu, o meio termo entre o sim e o então, e a linha tênue entre o então e o não. Em meio a tantas almas desenhadas e delimitadas ( e muitas vezes limitadas) está todo o resto ao meu redor.

Tem o amigo da internet que me aconselha e me abraça com palavras, deixando qualquer corpo a corpo no chinelo. Tem a irmã que mora longe e mesmo assim vive perto. Os amigos lembrança, os quais não sei como estão, mas de tão amigos que foram permanecem intactos em algum lobo do meu cerébro (o que os poetas chamam de coração). As amigas parceiras que eventualmente desapontaram-me profundamente, mas desapontamento não apaga bons dias e gargalhadas, ótimas e intensas gargalhadas. O amigo solteiro que continua namorando. Os amigos que me deixam confusa quanto à sua opção sexual. Os que mentiram e com certeza perderam-me. A minha mãe e só em dizer mãe já vejo todo o amor e devoção escorrerem por entre as letras. O meu pai que dobrou e desdobrou e me trouxe até aqui. A amiga a qual briguei e a conheci de novo e fomos amigas pela segunda vez. O amigo que me esqueceu.OS que eu não suporto e os vice-versa. O amigo que me esnobou. O amigo que liga frequentemente. O amigo que me ouve sem restrições, sem pudores. A amiga que pede demais. A amiga que faz demais. Tem a que me escuta sempre e a que não me dá ouvidos. A tia bruxa de uma certa pensão. Os amigos e amigas da pensão. O meu companheiro de aventuras e de sushi. O maluquinho mais fofo de todos. A tagarela incurável e a sonhadora incorrigível.Todos culpados por mim. Todos meus. Todos eu.
Fui às vezes eu, às vezes quem eu queria ser. Quis ser demais e esqueci quem eu era antes de querer tanto a ponto de me perder. Num dia desejei aparecer em livros de literatura como a escritora denominada com qualquer característica que possam me dar, sendo ela positiva. Outro dia quis escrever só pra livrar minha alma, ler o problema escrito e dizer: -Deixe de drama, querida. Sempre sonhei em escrever um livro e geralmente desisti ao começá-lo. Já virei leitora incontrolável e perdi minha identidade escrevendo igual aos escritores os quais admiro. Já fui espiã, secretária, psicóloga, médica e louca, todos os cargos exercidos sem diplomas. Luto por um diploma que nem me convenci qual é, muito menos pesá-lo se é necessário!

Escrevo demasiadamente sobre mim, dito este o assunto o qual sou phd. Já fiquei muito desapontada por não conseguir criar ninguém, ninguém que seja para povoar histórias montadas na nascente da minha mente. Logo depois percebi que sou meu personagem favorito, visto que posso ser quem eu quiser e quando desejar.

Falo de tudo e de um tudo limitado sei um pouco.
Posso começar zilhões de textos e abranger trilhões de assuntos e deixá-los soltos como uma porção de ideias inacabadas. Na verdade não acredito e nem gostos de pontos finais. Vírgulas soam tão bem,

Aqui está mim mesma tentando descobrir o que pretendia dizer ao sentir e escrever a primeira palavra deste texto. Aqui estou eu convencida de que não importa, as coisas fluem sem ordem e assim devem permanecer.