Bem, alguns amigos pediram vou colocar. Um texto antigo, meio diário mas que me agrada:Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009, 22:22... Acabo de assistir a um filme:
Watchmen e faz tempo que não sinto vontade de escrever, nem muito menos sei como fazer: não sei regras gramaticais nem nada desse tipo, será um texto livre; mas o filme quase que me obrigou a ir fundo.
Tenho 17 anos, já na iminência dos 18! Acabo de finalizar um ano de
cursinho o qual realizei aos
trancos e
barrancos por um propósito, esse já nem sei mais qual é e que se perdeu no meio do caminho. O vestibular acontecerá no dia 20 e 21 desse mesmo mês e eu já sei o
verecdito. Acabo de fracassar na segunda fase de outro, que por sinal consegui o quarto lugar na fase anterior! Que paradoxo não?
Eu deveria estar à beira de um colapso, um ano meio turbulento, uma vida meio agitada e uma mente que antes
esborrava hoje está meio cheia.
Tenho medo, medo de voltar. Lá todos estão ansioso para ver meu resultado.
Estou dividida, não tenho certeza do que fiz... Se perdi um ano onde deveria ter me esforçado ou o ganhei por ter tanta experiência, aventura e histórias pra contar. Não importa! Essa prova não vai cobrar o valor de se conhecer a alma do ser humano, e as pessoas lá não estão interessadas se eu consegui amigos ou se consegui vencer os muitos obstáculos que me foram impostos. E qual é meu resultado? Bem, como eu já disse, eu ainda não decidi.
Mas onde entra o filme? Ele tem frases bem bonitas que me induziram a uma
introspecção. Estou oscilando em encarar tudo a duros punhos ou entrar na realidade infantil. Ontem assisti: A princesa e o sapo. A dogmática "
Evangeline", uma
estrela que "deveria" realizar desejos; a musiqueta da velha do
vodu: "se cavar bem fundo", ou com frases do tipo: "não é o que você quer e sim o que você precisa". Claro, me confortaram frente ao fracasso passado e o futuro, mas esse tal de
Watchmen me trouxe de volta aos murmúrios, onde, eu sei, existe uma mãe que espera uma filha triunfante e uma família e amigos que, agora já estranhos e alheios a mim, esperam qualquer coisa para criticar ou não. Contudo, no fim de tudo, eu sei que terei de enfrentar alguém bem pior: eu. Eu sei o que fiz e não posso chorar, sei o que sou e que busquei o fracasso e eu sei que ele só está em foco nesse momento e depois vão
todos esquecer parcialmente (desejo com todo meu coração!).
Ano que vem será outro ano e hoje eu vou esquecer do desencontros, dos familiares que me fizeram que me fizeram perder noites de sono por temer sua ida, dos amores perdidos e tão ansiados e dos futuros
planejados, dos choros na calada da noite por motivos nem sempre tão banais, dos amigos que se foram, das promessas que perdi. Quero esquecer esse medo dos meus próprios sentimentos e de demonstra-los.
Ano que vem terei a chance de errar tudo de novo, de encanar num filme enquanto deveria ler tópicos de
Scientific American, de ir visitar alguém por medo de me afastar demais enquanto a aula rolava, mas o que é que tem? Agora não tem mais jeito: vou pagar pra ver.
Para mim a vida é mais que tudo isso. Bem mais que
reações e equações, mas admito que sejam importantes. É só que... Eu não poderia viver um poucos mais? Tem um filme com uma linda mensagem no cinema! E aquela amiga sabe? Não está se sentindo muito bem, eu poderia deixar pra revisar esse assunto a noite antes de dormir, ela já me apoiou tanto quando eu precisei. Meu tio estava a ponto de morrer e eu fiquei muito preocupada, não deu pra ler sobre o holocausto. Minhas cabeça borbulhou de saudade e nostalgia na quinta e eu não consegui paciência para mais nada. Na sexta eu precisei chorar de manhã e visitar meus amigos pra ter certeza de que não os perdi por completo. No sábado eu faltei à aula, quando cheguei da visita vi como as coisas estavam mudadas e chorei baixinho, como se cantasse uma canção de nina, ao amanhecer eu precisava dormir, minha cabeça ia explodir. No
domingo eu decidi sair pra esgotar essa cabeça de tanto problemas- estudar era um deles. Na segunda eu estava tão bem que não ia de forma alguma voltar àquela rotina. Na terça dei uma
passadinha e recuperei o fôlego, coisa boba, nada que me salvaria da reprovação. Na quarta recebi uma mensagem e me senti alienada nessa cidade estranha vontade de fazer trabalho, de realizar os
projetos do colégio, de dançar e ensaiar coreografias. Na quinta briguei com uma grande amiga e nos afastamos muito, tudo ficou mais complicado do que já era e foi piorando
gradativamente.
Conheci outra amiga que me ajudou muito.
O ano foi passando, me recuperei de quase tudo, me adaptei, esqueci os amores tão doídos e que ainda doem, mas sei o analgésico certo. Mudei de forma e de
fôrma, fiz as pazes com a vida, fiz muitos novos amigos e fiz muitas novas vidas. Fiz as pazes com a velha amiga e a que me apoiou começou a me desapontar. A vida ficou de cabeça para baixo de tal forma que não consigo me reconhecer no espelho: esse olhar, não é meu, esse rosto? Essa alma?
Quando decidi esquecer de tudo isso que passou o ano a me preocupar percebi que era tarde demais.
Julguem-me, estou fazendo o mesmo agora.
P.S. Peço desculpas pelos erros, muitas vezes grotescos em alguns pontos. O texto saiu de uma vez só. Um soluço... Então, decidi deixa-lo assim, na inspiração nua e crua.