sábado, 14 de maio de 2011

ELA

O dia está só começando e eu também, ela disse enquanto percorria o corredor com os pés nus e o coração agasalhado. Deixou o sol beijar de leve o rosto e decidiu: eu vou lutar!


(Micro texto antigo, não configura uma recaída)

domingo, 1 de maio de 2011

Argh!

Alice ficou parada. O blog ficou parado. Minha vida? Nunca!

Pensei em deletar minha conta, mas não tinha tempo suficiente. Eu jurei não mais escrever nada por aqui ou em qualquer outro lugar. Foi uma experiência única conseguir pirar em público. Conseguir expor Eu e Mim Mesma em público, eu mal conseguia me expor para mim mesma! Foi válido, muito válido! Eu cresci o bastante para notar a infantilidade dos meus escritos e os notei pequenos, certamente eu esteja grande demais para caber neles.
Eu deveria cumprir meu anseio de não mais brincar com palavras em papeis, ou de não mais brincar comigo em palavras. Mas hoje, bem... Hoje foi diferente. A alma inquieta voltou, muito embora eu tenha plena consciência de que foi só por hoje, e escrever parece salvar uma alma e eu pareço pequena o suficiente para caber direitinho nas minhas velhas entrelinhas.
Abri o caderno de folhas recicladas e fui folheando tentando encontrar minha revisão de citologia para, ora bolas!, revisar. Entre uma membrana plasmática e um corte de epidídimo achei uma porção de frases soltas que formavam um texto inteirinho. Foram escritas durante o período de adaptação. Eu não conseguiria calar mim mesma tão rápido assim! Logo hoje? Eu passei o sábado lendo Tati Bernardi, a inquietação encarnada. As palavras saltitantes dela aumentaram meu enjôo e desde que comecei a lê-la fiquei louca para vomitar ideias como fazia de costume.
Quanta coisa mudou em mim e ao meu redor? Minhas palavras não conseguiram acompanhar e pareciam se chocar entre si, escrever tornou-se inexequivel! Tornei-me inexequivel. Estava escrito com tinta preta, destacado com marca-texto azul: "Sei lá! Parece que nada pode dar certo, muito menos eu!". Lembrei que havia acordado irritada  com essa coisa que chamam de mim. Lembrei que eu mudava demais, tentava demais, pensava demais, acreditava demais, tais coisas me faziam diferente e eram os motivos da luz, não a que eu emanava para iluminar os outros por aí, mas a que eu pensava ser a melhor para me iluminar: econômica, muitos Watts e muito durável. Durar ela durou, mas esgotou toda energia da termoelétrica, então eu desisti. Desisti de mudar, para continuar sendo diferente. Desisti de tentar e perder do mesmo jeito. Desisti de pensar, porque qualquer coisa que eu vejo é melhor que as que penso. Desisti de acreditar, porque disseram que "viver é melhor do que sonhar".
Respondi a pergunta interior: nada mudou em mim. Fiquei parada, sentada na pedra do meio do caminho esperando a chuva gotejar até ela furar. Já a vida foi rodando, ou melhor, quadriculando por aí. Começou a chover, a pedra nem começou a quebrar e eu estou rachando de frio.

Sabe que na metade do texto eu já comecei a digitar com preguiça? Ficou bem parecido com o que eu era, minúsculo o bastante para alguém que não sabia mais escrever. Estou satisfeita pelo não ser. Agora posso voltar a ser quem eu estava tentando ser por mais um bom tempo.