quinta-feira, 4 de março de 2010

Por pedirem tanto:

Bem, alguns amigos pediram vou colocar. Um texto antigo, meio diário mas que me agrada:
Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009, 22:22... Acabo de assistir a um filme: Watchmen e faz tempo que não sinto vontade de escrever, nem muito menos sei como fazer: não sei regras gramaticais nem nada desse tipo, será um texto livre; mas o filme quase que me obrigou a ir fundo.
Tenho 17 anos, já na iminência dos 18! Acabo de finalizar um ano de cursinho o qual realizei aos trancos e barrancos por um propósito, esse já nem sei mais qual é e que se perdeu no meio do caminho. O vestibular acontecerá no dia 20 e 21 desse mesmo mês e eu já sei o verecdito. Acabo de fracassar na segunda fase de outro, que por sinal consegui o quarto lugar na fase anterior! Que paradoxo não?
Eu deveria estar à beira de um colapso, um ano meio turbulento, uma vida meio agitada e uma mente que antes esborrava hoje está meio cheia.
Tenho medo, medo de voltar. Lá todos estão ansioso para ver meu resultado.
Estou dividida, não tenho certeza do que fiz... Se perdi um ano onde deveria ter me esforçado ou o ganhei por ter tanta experiência, aventura e histórias pra contar. Não importa! Essa prova não vai cobrar o valor de se conhecer a alma do ser humano, e as pessoas lá não estão interessadas se eu consegui amigos ou se consegui vencer os muitos obstáculos que me foram impostos. E qual é meu resultado? Bem, como eu já disse, eu ainda não decidi.
Mas onde entra o filme? Ele tem frases bem bonitas que me induziram a uma introspecção. Estou oscilando em encarar tudo a duros punhos ou entrar na realidade infantil. Ontem assisti: A princesa e o sapo. A dogmática "Evangeline", uma estrela que "deveria" realizar desejos; a musiqueta da velha do vodu: "se cavar bem fundo", ou com frases do tipo: "não é o que você quer e sim o que você precisa". Claro, me confortaram frente ao fracasso passado e o futuro, mas esse tal de Watchmen me trouxe de volta aos murmúrios, onde, eu sei, existe uma mãe que espera uma filha triunfante e uma família e amigos que, agora já estranhos e alheios a mim, esperam qualquer coisa para criticar ou não. Contudo, no fim de tudo, eu sei que terei de enfrentar alguém bem pior: eu. Eu sei o que fiz e não posso chorar, sei o que sou e que busquei o fracasso e eu sei que ele só está em foco nesse momento e depois vão todos esquecer parcialmente (desejo com todo meu coração!).
Ano que vem será outro ano e hoje eu vou esquecer do desencontros, dos familiares que me fizeram que me fizeram perder noites de sono por temer sua ida, dos amores perdidos e tão ansiados e dos futuros planejados, dos choros na calada da noite por motivos nem sempre tão banais, dos amigos que se foram, das promessas que perdi. Quero esquecer esse medo dos meus próprios sentimentos e de demonstra-los.
Ano que vem terei a chance de errar tudo de novo, de encanar num filme enquanto deveria ler tópicos de Scientific American, de ir visitar alguém por medo de me afastar demais enquanto a aula rolava, mas o que é que tem? Agora não tem mais jeito: vou pagar pra ver.
Para mim a vida é mais que tudo isso. Bem mais que reações e equações, mas admito que sejam importantes. É só que... Eu não poderia viver um poucos mais? Tem um filme com uma linda mensagem no cinema! E aquela amiga sabe? Não está se sentindo muito bem, eu poderia deixar pra revisar esse assunto a noite antes de dormir, ela já me apoiou tanto quando eu precisei. Meu tio estava a ponto de morrer e eu fiquei muito preocupada, não deu pra ler sobre o holocausto. Minhas cabeça borbulhou de saudade e nostalgia na quinta e eu não consegui paciência para mais nada. Na sexta eu precisei chorar de manhã e visitar meus amigos pra ter certeza de que não os perdi por completo. No sábado eu faltei à aula, quando cheguei da visita vi como as coisas estavam mudadas e chorei baixinho, como se cantasse uma canção de nina, ao amanhecer eu precisava dormir, minha cabeça ia explodir. No domingo eu decidi sair pra esgotar essa cabeça de tanto problemas- estudar era um deles. Na segunda eu estava tão bem que não ia de forma alguma voltar àquela rotina. Na terça dei uma passadinha e recuperei o fôlego, coisa boba, nada que me salvaria da reprovação. Na quarta recebi uma mensagem e me senti alienada nessa cidade estranha vontade de fazer trabalho, de realizar os projetos do colégio, de dançar e ensaiar coreografias. Na quinta briguei com uma grande amiga e nos afastamos muito, tudo ficou mais complicado do que já era e foi piorando gradativamente.
Conheci outra amiga que me ajudou muito.
O ano foi passando, me recuperei de quase tudo, me adaptei, esqueci os amores tão doídos e que ainda doem, mas sei o analgésico certo. Mudei de forma e de fôrma, fiz as pazes com a vida, fiz muitos novos amigos e fiz muitas novas vidas. Fiz as pazes com a velha amiga e a que me apoiou começou a me desapontar. A vida ficou de cabeça para baixo de tal forma que não consigo me reconhecer no espelho: esse olhar, não é meu, esse rosto? Essa alma?
Quando decidi esquecer de tudo isso que passou o ano a me preocupar percebi que era tarde demais.
Julguem-me, estou fazendo o mesmo agora.

P.S. Peço desculpas pelos erros, muitas vezes grotescos em alguns pontos. O texto saiu de uma vez só. Um soluço... Então, decidi deixa-lo assim, na inspiração nua e crua.

Um nós por vários "eu"

Hoje em dia é raro, para não citar impossível, encontrar um ser humano que seja a expressão exata de si. Sofrer e estar aberto às influências é tão inerente à nós quanto a necessidade de auto-afirmação. Assim é comum observar grupos cujos participantes identifiquem-se. Essas afinidades estão sendo regidas de tal forma que englobam boa parte da população mundial.
A mídia, a globalização, ou seja lá o que for, gerou uma vitrine de mesmices na qual a única dificuldade é escolher um dos produtos expostos ali. Aliado à deficiência de ponderar estilos, ideias e ideais, as imposições tornam-se bastante atrativas e são facilmente acatadas. Então seria cômico ver um e outro titubearem que são dotados de um identidade livres de esteriótipos. Afinal eles nunca pararam para perceber que as verdades chamadas de "minhas", hoje são "nossas" e ponto, sem reflexão.
Os valores genéricos deixaram a sociedade enfadonha e suscetível em demasia. Compactuando com qualquer pensamento chulo, os alicerces que permitiam a ela uma diversidade escandalosa garantem apenas a estrutura simples e direta do sim e do não.
A carência do reticências bloqueia a capacidade crítica e as pessoas passam a ser frutos sem nunca terem sido sementes. A autenticidade deu lugar a plágios, inicialmente inofensivos, que furtaram a criatividade individual. O simples ato de refletir não só a traria de volta como permitiria a fluidez de novos horizontes.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O entrudo e os intrusos

Há quem diga que o carnaval seja a nossa versão da política do "pão e circo" romana. Dias com data e hora marcadas que maquiam as mazelas sociais do Brasil.
Vindo de longe, chega aqu atendendo pelo nome de entrudo. Uma festa repleta de inconveniências da qual participam tanto os escravos quanto as famílias brancas. Inicia-se o processo de alienação, afinal brancos, mestiços e negros em um mesmo ambiente festivo não fazem referência a uma igualdade que começava a surgir. A festa passou por várias influências até ser o que é hoje, inclusive políticas.
O carnaval espalha-se por todo país, sem excessões. A mídia concentra-se nas avenidas, nos sambódromos, nos sambas-enredo, mas o carnaval de brasília permanece ali, discreto. Os cidadãos e turistas aderem às maravilhas do consumo, o governo adere às maravilhas das cargas tribuárias e mais de um terço dos produtos são tributos. Então surgem as leis e ministérios de previdência social oportunistas, as propostas do supremo tribunal para votação de reajuste de sua remuneração e os desvios de verba. O dinheiro público levantado supre as ganâncias de alguns detentores do poder.
Enquanto isso a miséria persiste. O carnaval gera empregos, mas não necessitamos de efeitos de curto prazo. De fato temos um circo, no entando carecemos de pão e tantas outras coisas.

Começando

Olhem (ou deveria dizer:olhe :$), após muito protelar decidi fazer um blog. Tenho vergonha dessas coisas: meus textos, minhas ideias, meus posicionamentos, todos expostos aqui (incluindo meus erros ortográficos e de concordancia), susceptíveis à críticas e etc, mas nunca saberei meu grau de pequeneza sem antes receber comentários: sejam eles construtivos ou não.
Então:
Não fico fixada naquilo que se tornou padrão, mas sempre estive aberta ao novo da mesma forma que respeito o imutável (e, por favor, diga-me que poderei tornar-me imutável).
Eu sempre quero festa, eu sempre faço festa.
Eu sei que não sei nada e no fundo posso tudo, contudo aprendi que nem sempre devo fazer tudo o que posso.
Acho graça do riso e o forço toda vez que a vida perde a graça e tropeça comigo em meu planos.
Canto fora do tom e tenho súbitas, escandalosas e inexplicáveis atrações, não necessariamente por músicas.
O melhor e talvez o pior de tudo seja que espero dos outros o que ainda não desisti de querer. Isso vira apenas bônus, pois o ônus é que tentei silêncios quase impossíveis, foi doloroso. E sonhei com infinitos que na verdade terminam logo ali.