segunda-feira, 22 de novembro de 2010

há de haver...

Havia uma vida e nela os anos.
Havia os anos e neles os dias.
Havia os dias e neles ela.
Havia ela e nela nada.
Havia o nada e nisso lembranças.

Este vazio insiste em ficar. Permanecer, encher, secar...

Deve ser medo! É isso! Medo, medo do novo, medo do velho, medo de todas as coisas conseguidas e não conseguidas. Medo de mim, medo do medo.
As luzes de natal já estão se instalando pela cidade e vê-las brilhar me apaga ainda mais. Não encontro o lugar para chamar de lar, se aqui, se lá; estou deslocada em ambos. Mas as luzes de natal... Sinto saudades de casa, da casa dos pais. Aqui eu sou dona de mim e não sei administrar tão bem minhas posses, ou sei... (?) Aqui é diferente, aqui eu sou diferente, até as mesmas pessoas aqui são diferentes das mesmas pessoas lá. Os amigos aqui não são os mesmos amigos lá.
Eu saio de casa, eu saio de mim. Lá fora é bom; os amigos, a alienação, as aventuras! Há tanta coisa lá fora e tantas outras coisas para me preocupar. Em casa os fantasmas da responsabilidade e do futuro me cobram. Não tenho dinheiro pra pagar.
Não estou indecisa. Sei definitivamente o que quero. Ainda a pouco repassei o desejo na cabeça, o mesmo desejo desde anos atrás. O problema é que realizá-lo é complicado e não depende de mim, ou melhor, depende. Depende dos outros, depende dele, depende da vida, depende dEle, depende de mim. Tanta dependência torna meu desejo inexequível. A única vez que desejo, desejo tanto a ponto de pôr em prática e a única vez que não posso sozinha.
Pois bem, chorar será inevitável, tal como fugir. Esquecer será duro, assim como encarar. Desistir será lento, ao passo que esperar... Ah! Esperar é torturante, porém será a coisa certa a se fazer.

Havia lembranças e nelas esperança.
Havia esperança e nela amparo.
Havia amparo e nele força.
Havia força e nela desejo.

Havia desejo e ele era bastante.
Havia passado e havia de haver futuro!
(Algumas coisas simplesmente não me satisfazem. É inevitável.)
"e o que eu vou fazer se eu quero muito mais?"
Queria tudo e queria AGORA.
Pronto, vômitei.

domingo, 21 de novembro de 2010

Era uma vez...

Bate que não se contenta e quer bater mais para quê? A respiração ofega e o olhar tão distante. O tempo passa devagar e depressa e ainda assim não é bastante.
As vezes o "amor" é tão complicado, outras tão simples... Era simples ou quase isso. Romeu e Julieta contemporâneo. Ela o queria, ele a queria e isso não deveria ser suficiente? A velha coisa da vida imitando história e com tantas histórias com "viveram felizes para sempre" eles optaram por esta tão conturbada.
Ela o queria, ele a queria e isso não deveria ser suficiente? Mas eles teimaram em ver o mundo lá fora. Ouviram dizer que almas gêmeas precisam crescer separadas para um encontro no além-mar da vida. Ele anda crescendo com outra, ela com os outros, mas o amor é sorrateiro e inquieto; desse jeito o vazio dela não vai fechar. Não se fecha corte profundo com band-aid. Ela o quer.
Hoje fica tudo assim. Romeu e Julieta. Ela o queria, ele a queria e isso não deveria ser suficiente? (...)



P.S. Amiga, que meu drama não a afete. Três pontinhos dizem muita coisa
O amor faz pequenos plágios e não cópias completas.
Sua história será sua história, só sua.
Viveram felizes para sempre não existe no mundo real.
Aqui existe o: "seguraram legal a barra mais pesada que tiveram".
Não vou pedir que tenha esperança, oh céus, você tem amor!
Não tomo nota de nenhum outro sentimento tão esperançoso.
E eu acho que isso deveria ser suficiente,
'cê sabe né'? A vida é burocrática!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chantilly de baunilha

Essa escritora (se me permitem, eu não achei outra palavra) aqui não reconhece os motivos que a levam a escrever, ela só sabe que precisa. Hoje é um daqueles dias os quais escreve para livrar uma alma, a dela. Coisa de alma inquieta... Hoje eu queria salvar mim mesma. Ela anda tão acumulada com todos os problemas que deposito sobre ela. Mim mesma anda prestes a explodir. Não sei ajudá-la. Mim mesma anda vazia.
Todos já viveram isso, ou algo parecido. Nós chegamos à lanchonete e pedimos chocolate quente com chantilly de baunilha, o pedido é trocado e o chantilly tem sabor de menta. Claro, claro, inicialmente o principal é o chocolate quente, mas pensem comigo: o frescor da menta não é nem de longe o doce da baunilha. De repente o chocolate fica mais amargo, a baunilha misturada deixaria o chocolate tão suave. Ora bolas! Como algo tão simples pôde modificar todo o resto? Foram pequenas coisas que eu não consegui, quer dizer, eu só queria um chantilly de baunilha. Agora eu terei de pagar de qualquer forma, mas agora vou pagar por um chantilly de menta, e esse nem é o jeito que eu esperava das coisas, das pessoas. Eu pedi pouco e a vida, ou melhor, a garçonete poderia ter doado um pouco mais de atenção ao meu pedido. Ela poderia ter anotado com atenção. Agora eu terei de pagar, afinal o pedido foi feito. A vida, ou melhor, a lanchonete, é muito rígida e não reembolsa o tempo perdido, o dia que passou, dois pontos, passou. Não dá pra garantir que aquele seu desejo, que diga, pedido extraviado ou trocado seja substituído por outra coisa que você nem desejou, mas que é bem melhor. Por que não vem pedido certo?
E foi assim por anos a fio. Ou o desejo vinha salgado demais, ou não era doce o suficiente. Os anseios surgiam mal-passados. Os sonhos sempre faltavam canela quando prontos. As efemeridades chegam com chantilly de menta ao invés de baunilha. As euforias tem adoçante e não açúcar mascavo. . .
Nesses anos eu fui obrigada a pagar os pedidos. Esperei muito por alguns deles, muitos dos alguns que deveriam ser o prato principal vieram como sobremesa. O meu tempo esperando, negando outros pedidos à espera desses não foi reembolsado. Eu apenas perdi tempo como forma de pagamento.
Mas bem, não há concorrência, é só uma vida pra viver e os pedidos são feitos a uma única garçonete. Bem, eu só desejaria comer meu chocolate quente com chantilly de baunilha e você?