Que revolta é essa hein? Foi o que me perguntaram. Que revolta é esta? Que pergunta é essa? Eu pensei...
Como uma pessoa como eu deveria se portar? Ah, claro, eu deveria estar triste, pra baixo, abatida, sucumbindo à solidão e à infelicidade, mas isso tudo eu já fiz! O melhor ataque é uma defesa, certo!? E qual seria a melhor defesa? Um ataque? Bem, eu entendi assim. Então não venham questionar o porquê dessa hostilidade. Ora bolas. Eu acordo sem querer levantar, uma luta interna constante, lutando comigo mesma pra conseguir viver. Levantando e enfrentando aquela droga de faculdade que eu nem quero. Dizendo: Mim mesma, você vai levantar sim, vai passar uma hora dentro do ônibus sim, vai assistir a aula sim, vai estudar sim, vai segurar o choro sim; anda mim mesma... Dia após dia, acordando e dizendo: ufa, um dia a menos pra viver, mas pensando: poxa, outro dia que perdi. Quem consegue ser doce assim? Talvez eu esteja doce, doce até demais, por isso todo esse amargor.
Meus amigos? Bem, eu os tenho. Eles estão vivendo as vidas perfeitas deles, com os problemas suportáveis deles. Cada um vivendo os caminhos que escolheram e sofrendo por coisas que eles decidiram sofrer. Eu posso ter decidido sofrer por tudo isso, mas foi inconscientemente. Mesmo assim não era assim que eu via meu 2011. Eu o via meio dois mil e ouse, não assim: apenas aceite.
Tem uma bagunça do tamanho do infinito aqui dentro. Só me restam as festas. Muito embora eu creia na efemeridade delas, elas se mostram minha única certeza. O meu plano para o futuro é aguentar firme até a próxima festa, juntando o dinheiro pra comprar a bebida da noite e, quem sabe, uma roupa nova. Fútil né? Eu sei, mas é o meu vislumbre do futuro e eu tenho plena consciência desse meu equívoco forçado! Sabe como é tenso quando uma pessoa sabe qu algo é errado e mesmo assim só encontra o errado pra se refugiar?
De novo eu não sei onde é minha casa, mas presumo que seja em mim mesma. De novo a sensação de que eu não me encaixo, sempre com arestas sobrando, pontas a serem aparadas, uma intrusa na minha própria vida. Seria tão interessante se pudéssemos escolher a família a qual faríamos parte. Seria tão melhor se pudéssemos escolher se iríamos nascer ou não! Bem, eu não tenho certeza se eu escolhi, alguma parte da minha memória pré-natal e imediatamente pós-natal foi afetada e eu não lembro sobre ter decidido nascer, mas se eu fiz isso: péssima ideia mim mesma, péssima ideia!
Sabe o que é? Essa hostilidade? É saber que não tem saída, que eu não vou morrer só porque eu quero e se eu quiser sairei desse "inferno" para o próprio inferno. Sabe o que é? Essa revolta? É ver tudo o que você queria... Ou melhor, é não ver tudo o que você queria, tudo sumiu da sua frente e você não sabe o que quer mais. Sabe o que é? Essa angustia? É ter que encarar a realidade e ver que escrever não salva mais sua alma e ela vai continuar inquieta.
Alice, já se refez e se desfez incontáveis vezes. Hoje ela não está com amor próprio, ela tem esperanças sem graça, não tem vontade de ser mais nada, não sente bons sentimentos por quase ninguém, não suporta muita coisa, não suporta mais coisas. Hoje foi um dia esquisito pra ela, mais esquisito do que o começo desse ano e todos esses 20 anos. Alguém ou algo vem boicotando sua vida, agora ela ia sair por aí. Ela não tinha um plano, nem o "a", nem o "b". Ela ia andar, fugir da casa que não era dela, da vida que não era dela, do sonho que outro escolheu pra ela. Ela ia sair por aí.
Calma! Ela só ia esperar esse hoje passar, porque o amanhã sempre é uma outra história.
(Pressa, amanhã eu corrijo.)
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